quinta-feira, 31 de março de 2016

Compra ou alugar - Como eu saí do aluguel.

Em um cenário de incertezas econômicas, políticas e com a escalada de aumento dos juros do financiamento, muitos me perguntam se hoje vale a pena financiar um imóvel ou continuar no aluguel.

Eu sou muito prático, não tenho muito tempo para ficar filosofando. E quem pode garantir o que irá acontecer daqui a alguns anos. Vi e vejo vários exemplos de pessoas com um mínimo de estudo e sem ficar no achismo, fizeram apostas ótimas no ramo de imóveis, outros, eu por exemplo, por situação complicada teria que fazer uma escolha.

Voltando um pouco no tempo, vejo que a melhor época de financiamento permaneceu até o início desta década, pois existiam vários programas da Caixa Para baixa classe como o PAR (Plano de Arrendamento Residencial), que era ótimo, assim como as taxas para quem ia adquirir o primeiro imóvel não passavam de 6%.

Também foi no início da década que os preços disparam muito, ficaram surreais, quase impossível para a classe mais pobre da população. Até a classe média sentiu o impacto e viu o sonho da casa própria ficar mais distante.

Como já falei em um post sobre minha trajetória, o inicio de meu caminhar foi pagando aluguel, chega a ser irônico, e andando de ônibus. Dias difíceis aqueles e que se perduraram por longos anos.

Eu ficava muito incomodado por todo mês ficar arcando com aquela despesa, pois ao pagar o aluguel, no dia seguinte já estava devendo. Decidi que tinha que dar um jeito.

Neste meio tempo consegui comprar uma moto em um leilão de banco, estava bem feinha mesmo, mas o principal estava ok, a mecânica. Gastei um pouquinho para recuperá-la e o valor do arremate foi um amigo que me emprestou.

A moto me deu muitas alegrias e um alívio na condução para o trabalho, que eram 2, alem de ajudar a fazer as compras do mês e o lazer. Passado 05 meses, a parcela do aluguel ficou insuportável na minha mente, teria que comprar uma casa ou apartamento de qualquer jeito. No entanto eu não tinha dinheiro para entrada e muitos imóveis que achava com bons preços, não possuíam escritura, o que tornava impossível o financiamento.

Fazendo minhas contas para comprar a vista, demoraria uns 06 anos para adquirir um bom valor, mas pesava naquela época, a escalada de preços dos imóveis, seria uma corrida para alcançar o vento.

Decidido foi na Caixa e no Banco do Brasil para simular um financiamento e ver minha real capacidade de carta de crédito. As taxas da Caixa se mostraram muito melhores que o BB, a qual ainda estava iniciando nessa modalidade, queriam me emprestar no crédito pessoal ou consignado com juros astronômicos.

Aprovada a carta na CEF fui em busca de vários imóveis que se encaixavam no meu perfil financeiro , perspectiva de local e tipo de construção.

Busquei incessantemente e exclusivamente casas, encontrei várias sem escrituras, a frustração era enorme. Olhava os jornais quase todos dias e marcava para conhecer o local quando encontrava regularizada. A moto foi muito útil netas horas, pois várias visitas foram feitas entre os expedientes dos empregos. De ônibus seria quase impossível e insuportável.

Uma tática para olhar imóveis que usava e uso é a seguinte; pegar o endereço e ir logo no local para conhecer o ambiente, mesmo que o anunciante não tenha tempo de agendar uma visita. Descartava de imediato locais tenebrosos, pois morar em local seguro e tranquilo é primordial, mesmo que seja em uma periferia. Sei que é difícil, mas não impossível.

Conheci muitos “Buracos” termo usado na minha região para locais horríveis de se morar. Quando encontrava uma casa legal o lugar não ajudava, e quando unia ambos de acordo com o pretendido, os valores superam meu crédito.

Tive que passar a procurar apartamentos, desde a quela época eu não era muito fã, pois além de não “procriarem” dependia de outros para fazer melhorias. Olhei vários aonde os proprietários eram altamente descuidados com seus imóveis. Aconteceu semelhante as casas, imóvel bom fugia dos meu padrões financeiros.

Já estava desanimado, pois minha busca era diária. Até que um dia passando na CEF encontrei um folheto sobre leilões de imóveis da mesma. Deu um estalo na hora, tirei várias dúvidas com um funcionário.  Fiz diversas pesquisas no site e encontrei alguns imóveis que se encaixavam.

Mas tinha um porem, eu só tinha uma bala no próximo leilão e o mais agrante para mim na época era como conseguir os 30% de entrada para imóveis usados ou 10% para os novos. Cheguei até a visitar alguns novos, mas todos que tentei aprovar o financiamento, meu salário não atingia. Interessante que em um dos imóveis, morei nele de aluguel 03 anos depois.

Parti para os usados, encontrei 03, fiz uma simulação com o gerente, só um cabia na minha renda. Tinha um que ter 10k na época, valia 55k e hoje 170k.

O pior é que todos estavam ocupados, eu que teria que dar um jeito e/ou negociar com os proprietários. Fiz a proposta um pouco acima do valor do lote, erroneamente, pois só teve eu dando lance. Diferente da maioria dos leilões, os da CEF eram de carta fechada, não dava para saber dos outros concorrentes.

Arrematei, até hoje lembro até do elevador do prédio do leilão. Foi um dia muito feliz, mas eu tinha que dar um jeito de conseguir a entrada, ainda tinha a documentação e os moradores pela frente. Nada foi fácil para mim.

Decide vender a moto que alcançava 60% do valor de entrada. O restante tive que conseguir empréstimo com o mesmo amigo que me ajudou na compra da moto. Voltei a minha sina de andar de ônibus.

Vencida a primeira etapa, foi resolver logo com os atuais moradores. Não estava disposto a pagar nada para eles saírem, pois eu não tinha nada mesmo, e nem gastar com advogado, quanto mais aguardar a justiça pagando aluguel e financiamento.

Chamei o amigo do empréstimo e fomos no local com a cara de “boas” pessoas. Como dizem aqui, dei logo a “letra”. Informei que não tinha nada a ver com a situação deles e que a minha também não era boa. Fizeram a proposta de me pagarem aluguel, recusei de imediato e dei um prazo de 10 dias. Se não saíssem, eu passaria para dentro de qualquer jeito. Com 09 dias ligaram e pediram para tirar as portas e janelas dos quartos, pois eram novas e estavam construindo uma casa. Eu disse que deixando o Ap no lugar, tudo bem.

Realmente ao adentrar o imóvel, tive que gastar um certo valor, meu pai que era pedreiro me ajudou na mão de obra. Peguei outro empréstimo e comprei o que precisava.

Nesta época trabalhei 04 meses sem folgar para amenizar todos meus débitos e devolver o valor corrigido para meu colega. Com 1 mês passei para “dentro” mesmo faltando finalizar algumas coisa, para ter ideia nem tinha feito totalmente o documento no cartório e a energia estava "cortada".

Valeu muito a pena financiar e sair do aluguel. O bairro era e é excelente, perto de muitos estabelecimentos comercias e fácil acesso ao transporte público. Tive o gostinho de viver em local classe média. Tiveram alguns dissabores devido aos outros moradores do prédio, todavia nada que não tivesse valido o sacrifício.

Contarei mas a frente uma jogada de mestre que fiz ao vender este imóvel, foi o plus da minha jornada rumo a IF.

25 comentários:

  1. Olá VDA. Muito boa história.

    Meu primeiro passo rumo à IF foi também a compra do apartamento, que vivo atualmente.

    Ele gerou uma renda de aluguel acima das prestações da Caixa (financiei até pouco, uns R$ 45.000,00), e no ano passado optei por quitar (melhor aporte é quitar dívidas).

    Hoje vivo nele, apartamento bom, no meio de prédios de ricos rs

    Se não fosse ele, eu estaria pagando aluguel, ou estaria descapitalizado, pois, para casar ou sair da casa do meu pai (chegando aos 30 é quase obrigação de um homem tomar o próprio rumo), eu teria um gasto altíssimo, visto o preço atual dos imóveis.

    Abraço

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    1. Na época eu financiei 37k e foi realmente o salto de qualidade. Por isso que digo que não devemos travar um regra que aluguel é melhor que casa própria ou vice versa.

      Se eu voltasse no tempo, teria saído de casa bem mais cedo, abri a mente para a vida e nos tira da zona de conforto.

      Quanto seu imóvel valorizou neste tempo? Se fosse contabilizar ao mês quanto seria?

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    2. VDA, eu peguei o finzinho mesmo, antes da subida forte dos preços de imóveis, mas já paguei um preço um pouco acima, comparando com anos anteriores, comprando por 150K, hoje esta na faixa entre 230K (vender urgente para o primeiro que aparecer), 250K (o valor que considero em patrimônio, tirando as taxas, um valor aceitável para a venda) e 280K o preço pra quem anuncia sem pressa p/ vender ...

      Eu vejo uma vantagem em mim, que é evitar dívidas a todo custo (raras as vezes uso cartão de crédito), mas eu penso que eu poderia ter dado um passo maior que a perna em 2007, quando comecei a trabalhar (comprei este AP no final de 2010), naquela época apareceram algumas oportunidades de lote, custando R$ 80.000,00, R$ 100.000,00, mas eram valores inimagináveis para mim, que não tinha nada ainda de patrimônio, um veículo Uno Mille usado (que meu pai ajudou a comprar, emprestando uma parte do valor pra compra), e ganhava pouco (não mais que R$ 2.000,00 por mês), sendo este “pouco” na época um salário excelente pra alguém ainda na faculdade.

      Penso que, se eu tivesse alavancado e comprado mais lotes, eu estaria com maior patrimônio hoje, mesmo se tivesse pagado juros, mas, e se eu perdesse o emprego? Entende o risco.

      Então minha subida patrimonial foi mais devagar, em compensação mais segura, do que se eu tivesse arriscado tudo lá atrás.

      E também, olhar o passado e dizer o que deveria ter feito é fácil, eu poderia ter comprado OGX custando R$ 0,04 centavos semana passada e ter vendido a R$ 0,11 centavos hoje ...

      E você, mudaria o que na sua vida econômica, se voltasse ao passado?

      Abraço

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    3. Foi no finalzinho mesmo. a melhor época foi entre 2005-2010. Mas vc fez bem, veja que teve uma valorização boa e o melhor proporcionou para ti uma renda extra e atualmente proporciona uma excelente moradia.


      Acredito que o que fiz, foi o que deu para fazer; filho recem nascido, morando de aluguel, renda de 2k. Operei milagres nestes 10 anos.

      Mas se eu pudesse voltar 20 anos, estudaria fortemente para concurso federal (ARF, PF, Bacen) e por não tem muito conhecimento no mercado de ações; investiria em compra de imóveis. Hoje teria uns 50, sem precisar de grandes conhecimentos e nem perda de noites.

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  2. Uma bela jornada. Eu tb fiquei livre do aluguel, vim mora na casa da sogra, rs.

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    1. Ótimo, vc mata 2 coelhos com uma cajadada; economiza no aluguel e na babá. Rss

      Nunca tive o patrocínio, levei tudo na garra. Não existe um real alheio.

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    2. uhauhahuauhahua Uo tu é uma figuraça ..

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  3. Legal seu relato, penso bastante em sair do aluguel, deve ser uma sensação muito boa olhar pro imóvel sabendo que ele lhe pertence.

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    1. Madruga a sensação é muito boa. Só de vc não dever satisfação a ninguém...E quando vc constrói sua moradia, é indescritível.

      "Cada metro dessa casa eu conheço bem..."

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  4. Um dia eu também chego lá, nobre confrade!

    Parabéns pela garra!!!

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  5. Excelente relato, não tenho casa própria e infelizmente os preços de imoveis na minha cidade são surreais, é o tipo de coisa que falando você acha que é brincadeira. Acredito que a melhor saída é a construção mesmo, pois mesmo os imoveis com alto preço o preço de terrenos não esta tão alto quanto aos imoveis e já comentaram que o valor da construir é menor que comprar já construido.
    Abraços

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  6. Realmente não é fácil. Há um pouco mais de um ano consegui comprar meu apartamento, cheguei morar só três meses de aluguel mas de fato é muito chato saber que aquele dinheiro vai e não volta. Parabéns pela garra.

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    1. Foi uma época que fiquei muito incomodado. Sem sacrifício não há vitória!

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  7. Sua jornada é inspiradora, VDA. Não esquece de contar a jogada que fez na venda do imóvel.

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  8. ótima história! Bastante ousado cair nos empréstimos, mas pelo jeito valeu a pena

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    1. A vitória é dos que se arriscam. Se eu ficasse só aguardando a oportunidade cair do céu estaria só com uma casa.

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  9. olá VDA.
    Gostaria de uma opiniao sua...minha mae tem uma casa térrea toda na laje e pretendo construir duas casas em cima...sou filha unica e por isso nao terei problemas futuros com herdeiros...mas me falta dinheiro...vc acha que devo tomar um emprestimo para faze-la? sou assalariada e tenho conta no BB.
    Gosto de suas dicas VDA...o que me sugere???
    Abraço e parabéns pelo blog.
    Sylvia

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    1. Nada é impossível, eu também comecei do zero e com filho, já estás com mais vantagem. Só pegue empréstimo que d para levantar as paredes e "bater a lage.

      Eu sempre peguei empréstimo e o vejo como uma ferramenta, não como um vilão, porem devemos pensar a longo prazo, fazer o dever de casa na finanças. Terás mais uma despesa, mas lembre-se que será um investimento.

      A vitória é dos que tentam.

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  10. VDA..obrigada meu caro!!
    Seguirei suas dicas...e a partir de seu ponto de vista estou mudando o meu em relação a empréstimo.

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  11. Uma dica para quem for comprar imovel

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  12. Tudo é muito relativo. Estou morando de aluguel e não penso em comprar imóvel próprio tão cedo. Pago R$ 700 em ap que vale uns R$ 170k. Poderia até comprar por R$ 150k um andar mais baixo, mas com um aluguel barato desses não vale a pena. No meu caso ainda tem a vantagem da proprietária ser investidora e esse ser um dos imóveis mais "fracos" dela, então a probabilidade dela pedir pra eu sair é quase inexistente.

    Quanto aos empréstimos é bom ver as taxas. Pra quem precisa só de uma pequena ajuda o Banco do Nordeste tem uma linha de crédito chamada de Crediamigo que tem taxas muito boas (já foram melhores). A caixa tb tinha uma que emprestava até R$ 15k com juros de 8% a.a. mas já faz algum tempo.

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    1. Vc faz bem em continuar no aluguel. Um dos meus objetivos para daqui a 3 anos, é morar em um condomínio clube, poderia já estar morando no aluguel, mas ainda pretendo adquirir um AP em um que tem grande potencial de valorização devido as obras de mobilidade anunciadas.

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