Em um cenário de incertezas econômicas, políticas e com a escalada de aumento dos juros do financiamento, muitos me perguntam se hoje vale a pena financiar um imóvel ou continuar no aluguel.
Eu sou muito prático, não tenho muito tempo para ficar filosofando. E quem pode garantir o que irá acontecer daqui a alguns anos. Vi e vejo vários exemplos de pessoas com um mínimo de estudo e sem ficar no achismo, fizeram apostas ótimas no ramo de imóveis, outros, eu por exemplo, por situação complicada teria que fazer uma escolha.
Eu sou muito prático, não tenho muito tempo para ficar filosofando. E quem pode garantir o que irá acontecer daqui a alguns anos. Vi e vejo vários exemplos de pessoas com um mínimo de estudo e sem ficar no achismo, fizeram apostas ótimas no ramo de imóveis, outros, eu por exemplo, por situação complicada teria que fazer uma escolha.
Voltando um pouco no tempo, vejo que a melhor época de financiamento permaneceu até o início desta década, pois existiam vários programas da Caixa Para baixa classe como o PAR (Plano de Arrendamento Residencial), que era ótimo, assim como as taxas para quem ia adquirir o primeiro imóvel não passavam de 6%.
Também foi no início da década que os preços disparam muito, ficaram surreais, quase impossível para a classe mais pobre da população. Até a classe média sentiu o impacto e viu o sonho da casa própria ficar mais distante.
Como já falei em um post sobre minha trajetória, o inicio de meu caminhar foi pagando aluguel, chega a ser irônico, e andando de ônibus. Dias difíceis aqueles e que se perduraram por longos anos.
Eu ficava muito incomodado por todo mês ficar arcando com aquela despesa, pois ao pagar o aluguel, no dia seguinte já estava devendo. Decidi que tinha que dar um jeito.
Neste meio tempo consegui comprar uma moto em um leilão de banco, estava bem feinha mesmo, mas o principal estava ok, a mecânica. Gastei um pouquinho para recuperá-la e o valor do arremate foi um amigo que me emprestou.
A moto me deu muitas alegrias e um alívio na condução para o trabalho, que eram 2, alem de ajudar a fazer as compras do mês e o lazer. Passado 05 meses, a parcela do aluguel ficou insuportável na minha mente, teria que comprar uma casa ou apartamento de qualquer jeito. No entanto eu não tinha dinheiro para entrada e muitos imóveis que achava com bons preços, não possuíam escritura, o que tornava impossível o financiamento.
Fazendo minhas contas para comprar a vista, demoraria uns 06 anos para adquirir um bom valor, mas pesava naquela época, a escalada de preços dos imóveis, seria uma corrida para alcançar o vento.
Decidido foi na Caixa e no Banco do Brasil para simular um financiamento e ver minha real capacidade de carta de crédito. As taxas da Caixa se mostraram muito melhores que o BB, a qual ainda estava iniciando nessa modalidade, queriam me emprestar no crédito pessoal ou consignado com juros astronômicos.
Aprovada a carta na CEF fui em busca de vários imóveis que se encaixavam no meu perfil financeiro , perspectiva de local e tipo de construção.
Busquei incessantemente e exclusivamente casas, encontrei várias sem escrituras, a frustração era enorme. Olhava os jornais quase todos dias e marcava para conhecer o local quando encontrava regularizada. A moto foi muito útil netas horas, pois várias visitas foram feitas entre os expedientes dos empregos. De ônibus seria quase impossível e insuportável.
Uma tática para olhar imóveis que usava e uso é a seguinte; pegar o endereço e ir logo no local para conhecer o ambiente, mesmo que o anunciante não tenha tempo de agendar uma visita. Descartava de imediato locais tenebrosos, pois morar em local seguro e tranquilo é primordial, mesmo que seja em uma periferia. Sei que é difícil, mas não impossível.
Conheci muitos “Buracos” termo usado na minha região para locais horríveis de se morar. Quando encontrava uma casa legal o lugar não ajudava, e quando unia ambos de acordo com o pretendido, os valores superam meu crédito.
Tive que passar a procurar apartamentos, desde a quela época eu não era muito fã, pois além de não “procriarem” dependia de outros para fazer melhorias. Olhei vários aonde os proprietários eram altamente descuidados com seus imóveis. Aconteceu semelhante as casas, imóvel bom fugia dos meu padrões financeiros.
Já estava desanimado, pois minha busca era diária. Até que um dia passando na CEF encontrei um folheto sobre leilões de imóveis da mesma. Deu um estalo na hora, tirei várias dúvidas com um funcionário. Fiz diversas pesquisas no site e encontrei alguns imóveis que se encaixavam.
Mas tinha um porem, eu só tinha uma bala no próximo leilão e o mais agrante para mim na época era como conseguir os 30% de entrada para imóveis usados ou 10% para os novos. Cheguei até a visitar alguns novos, mas todos que tentei aprovar o financiamento, meu salário não atingia. Interessante que em um dos imóveis, morei nele de aluguel 03 anos depois.
Parti para os usados, encontrei 03, fiz uma simulação com o gerente, só um cabia na minha renda. Tinha um que ter 10k na época, valia 55k e hoje 170k.
O pior é que todos estavam ocupados, eu que teria que dar um jeito e/ou negociar com os proprietários. Fiz a proposta um pouco acima do valor do lote, erroneamente, pois só teve eu dando lance. Diferente da maioria dos leilões, os da CEF eram de carta fechada, não dava para saber dos outros concorrentes.
Arrematei, até hoje lembro até do elevador do prédio do leilão. Foi um dia muito feliz, mas eu tinha que dar um jeito de conseguir a entrada, ainda tinha a documentação e os moradores pela frente. Nada foi fácil para mim.
Decide vender a moto que alcançava 60% do valor de entrada. O restante tive que conseguir empréstimo com o mesmo amigo que me ajudou na compra da moto. Voltei a minha sina de andar de ônibus.
Vencida a primeira etapa, foi resolver logo com os atuais moradores. Não estava disposto a pagar nada para eles saírem, pois eu não tinha nada mesmo, e nem gastar com advogado, quanto mais aguardar a justiça pagando aluguel e financiamento.
Chamei o amigo do empréstimo e fomos no local com a cara de “boas” pessoas. Como dizem aqui, dei logo a “letra”. Informei que não tinha nada a ver com a situação deles e que a minha também não era boa. Fizeram a proposta de me pagarem aluguel, recusei de imediato e dei um prazo de 10 dias. Se não saíssem, eu passaria para dentro de qualquer jeito. Com 09 dias ligaram e pediram para tirar as portas e janelas dos quartos, pois eram novas e estavam construindo uma casa. Eu disse que deixando o Ap no lugar, tudo bem.
Realmente ao adentrar o imóvel, tive que gastar um certo valor, meu pai que era pedreiro me ajudou na mão de obra. Peguei outro empréstimo e comprei o que precisava.
Nesta época trabalhei 04 meses sem folgar para amenizar todos meus débitos e devolver o valor corrigido para meu colega. Com 1 mês passei para “dentro” mesmo faltando finalizar algumas coisa, para ter ideia nem tinha feito totalmente o documento no cartório e a energia estava "cortada".
Valeu muito a pena financiar e sair do aluguel. O bairro era e é excelente, perto de muitos estabelecimentos comercias e fácil acesso ao transporte público. Tive o gostinho de viver em local classe média. Tiveram alguns dissabores devido aos outros moradores do prédio, todavia nada que não tivesse valido o sacrifício.
Contarei mas a frente uma jogada de mestre que fiz ao vender este imóvel, foi o plus da minha jornada rumo a IF.